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Alunos da EMEB João Etchebehere participaram do Projeto Leitura coordenado pela Rosélia de Castro Borges na Casa de Cultura Rui Reis.

O Projeto desta vez teve como tema a História de Rifaina. Usando uma nuvem de palavras o bate papo seguiu com o palestrante Ernani Baraldi provocando os alunos com perguntas sobre o significado das palavras, as quais, ele sugere procurar no dicionário, como ilustra a foto ao lado usada em sua apresentação.

Ernani explica que usou estas Tag’s, ou seja, estas palavras chaves para poder dialogar de forma lúdica com essa geração de “Twenns” – termo criado para caracterizar meninos e meninas de 8 a 14 anos: uma mistura de teens (adolescentes, em inglês) e between (no meio de).  Crianças que vivem a era da tecnocracia, a era da informação e, assim, ele exemplificou a evolução e provocou uma viagem na imaginação trazendo e fazendo cada participante ter empatia pela história da suas próprias vidas. “Quem sou eu, de onde vim? Quem são meus ancestrais? Você já sentou com seus avós para conversar sobre a história de vida deles? Estas e outras perguntas foram feitas aos alunos e, além disso, Baraldi salientou a característica desta geração e as ferramentas a disposição para a informação rápida e, de forma divertida, provocou reflexão em todos participantes, inclusive professores e coordenadores da casa da cultura quando falou sobre conhecimento, cultura, cidadania, sustentabilidade, reforçando que: “se tem algo que nunca vão te roubar é o conhecimento”.

Após esta introdução o fio condutor do projeto leitura continuou com as palavras chaves que, passo a passo, despertavam curiosidade e traziam respostas com fotografias que fizeram parte do mosaico apresentado. “Não tem como eu falar da história de Rifaina sem falar da história do Brasil”. Baraldi começa perguntando sobre o que é Tordesilhas, Capitanias e Província. E assim, segue com persuasão – que é preciso ter – com essa nova geração que foge às regras e aos padrões cartesianos de ensino. Houve momentos de descontração e, também, de reflexão sobre preconceitos – por exemplo – quando Baraldi trouxe as ilustrações dos índios caiapós. Muitos reagiram dizendo: “credo, que feio, o que é isso?”

Em cada palavra, em cada foto houve explicação, inclusive da forma como olhar para uma realidade abstrata não pertencente à realidade concreta a qual os alunos estão inseridos. “vocês criaram uma pré-concepção visual sobre uma realidade ancestral, estes índios viveram em nossa região e, com certeza, foram escravizados e mortos pelos colonizadores, no caso, os primeiros Bandeirantes que aqui chegaram”. sugere Baraldi já com o gancho sobre a chegada do Bandeirante Anhanguera na região.

E assim, entre embates, fotos e reflexões Baraldi seguiu inserindo as palavras chaves antes das explicações e ilustrações e, numa cronologia de datas, reforçou pontos importantes da história do município e, de fatos importantes na história de São Paulo e do Brasil. Explicou que a região de Rifaina protagonizou, como por exemplo a chegada da Cia Mogiana de Estradas de Ferro, e o seu  importante papel no desenvolvimento socioeconômico do estado e da região. A construção da ponte férrea que ligava São Paulo a Minas, a Estação Jaguara, Estação Cipó e até mesmo o pleito feito pelo Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Brusowik (fundador do Desemboque e Sacramento) para a construção da linha de bondes elétricos que ligavam a estação Cipó à cidade de Sacramento.

Entre dados tão ricos e relevantes para a história de Rifaina, Baraldi não titubeou em contar detalhes até mesmo da Usina Cajuru, pequena unidade geradora construída em 1910 para fornecer energia  aos bondes de Sacramento. Usina esta, que funciona até hoje. “vamos conversar com a direção da escola e se me permitirem quero levá-los em cada um destes pontos para que vocês possam vivenciar a história”. Ernani ainda falou da Revolução Constitucionalista de 1932 e das trilhas que ele faz com turistas pelos locais que foram pontos guarnecidos. Conteúdo, dedicação e pesquisa que muitos ali desconheciam.

A história de Rifaina foi contada de uma forma lúdica e criativa, Ernani perguntava aos alunos sobre os nomes de ruas, sobre fatos engraçados, sobre os imigrantes, interagindo com alunos que são netos de famílias Sírias, Italianas, e entre uma pergunta e outra a criançada foi interagindo, uma aqui, outro acolá foram perdendo a timidez de arriscar.  “é melhor você errar tentando do que nunca tentar” dizia Ernani quando os alunos ficavam em dúvida ou com vergonha de arriscar um palpite sobre alguma palavra. Houve aluno que disse que era descendente de índio, outro de escravos, de italianos e foi-se formando ali uma aula sobre a miscigenação brasileira, sobre a importância e o respeito às diferenças, o  projeto leitura foi criando corpo e imaginação fazendo jus a sua proposta.

Assim, a história foi contada com palavras e vocabulário provocativo, contada em nome de ruas, com documentos e registros que comprovam a importância de cada elemento do patrimônio material, de cada ator que ao longo destes mais de 140 anos contribuíram para Rifaina ser a cidade que é hoje, e para isso, Ernani vai a fundo, não só em fotos, ele tem um grande acervo e dados históricos relevantes, como tabela datada de 1862 com nome das famílias que fizeram doações que totalizaram na época 40 alqueires de terras da Fazendo do Cervo para constituir-se, portanto, o patrimônio de Santo Antônio como pode-se observar na foto lado.

Não se poderia falar de história sem provocar os alunos sobre a origem do nome de Rifaina e, também, se eles sabiam que o lugar já foi conhecido como Arraial do Cervo, exatamente pelo nome da Fazenda do Cervo. Que de arraial Rifaina passou-se a Distrito de Paz, pertencendo à Franca, depois a Igarapava e, posteriormente a Pedregulho, até sua emancipação em 24 de Dezembro de 1948. A maioria dos alunos não sabiam por que a praça tinha este nome. Agora, não resta dúvidas.

E, já em tempos mais modernos, Baraldi tras palavras como: expedição, hidrelétrica, royaltes, turismo e sustentabilidade.

A palestra foi chegando na reta final, e do ano de 1910, à construção da hidrelétrica de Jaguara Baraldi trouxe dados que mexeu com a imaginação dos participantes, fotos e mapas cartográficos de uma expedição da Comissão Geográfica e Geológica (CGG) que foi criada pelo governo do Estado de São Paulo para estudos de solos, rios, fauna e flora. A comissão atuou de 1886 a 1931 e deu origem ao Instituto Florestal, Instituto de Botânica, Instituto Geológico e Museus Geológico (MUGEO), hoje ligados à Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Outras instituições de pesquisa também tiveram origem na comissão, como é o caso do Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC) – onde Baraldi fez suas pesquisas – além de instituições ligadas a Universidade de São Paulo (USP), como o Instituto Astronômico e Geofísico, Museu Paulista e Museu de Zoologia.

Da construção da Usina Hidrelétrica de Jaguara aos dias atuais, é a história mais recente, embora ainda distante para os alunos. Ernani falou do impacto social e ambiental, explicou sobre os pagamentos de royaltes e, claro, ponderou a importância do turismo com bases sustentáveis. Assim, a palestra chegava ao fim com apresentação de um vídeo intitulado “Rifaina em Três Minutos” gravado e editado por ele e que está disponível no canal do Turismo Rifaina no youtube